E aí tamanho é documento?

28/02/2013 11:13

O tamanho do pênis é sempre motivo de burburinho. Preferências e fitas métricas à parte, as discussões sobre as dimensões do material e do prazer que ele proporciona são garantia de muita controvérsia.  

 

Não existe mulher que não aproveite um bom domingo de sol para reparar – obviamente em grupo – no que há por detrás das sungas que desfilam na praia. Mas isso não significa, necessariamente, que todas andem com uma régua na bolsa, prontas para uma pré-seleção. A questão do tamanho do “documento” e de sua real importância na hora H é uma velha discussão, tanto entre os homens quanto entre as mulheres. Difícil é chegar a um consenso. Mas parece que, na prática, todo instrumento é pau pra toda obra.

“Se tamanho fosse documento, elefante seria dono de circo”, afirma a jornalista Carolina Wortmann. “Um pequeno brincalhão pode satisfazer muito mais do que um grandalhão bobo. Em geral, caras com o pênis muito grande têm pouca sensibilidade e, na hora de comparecer, não sabem transar. Acabam utilizando o material para prestar só o serviço básico”, diz. Já a publicitária Silvia Rezende se confessa atraída por dotes mais generosos. “Nunca aconteceu de eu olhar pro cara nu e dizer, ‘não vai dar não, companheiro, falta matéria-prima’. Mas, preferir mesmo, eu prefiro um maiorzinho, acima dos 18 centímetros”, comenta.

Os médios também têm vez na preferência. “Tudo o que é demais não é bom. Nem tronquinho, nem palitinho. O ideal é o pênis básico, aquele que, acima de tudo, sabe o que está fazendo, entende do riscado. O tamanho tem que ser o ideal para preencher. Eu, por exemplo, visto tamanho P em tudo, calça, blusa. Com ‘ele’, não seria diferente. Acho que é a opinião da maioria”, diverte-se a estudante Isabel Pereira. Mas não é o que os números dizem. Segundo Sônia Fragoso, dona de um sex shop paulistano, o item mais vendido na feira Erotika Fair, realizada no começo do ano em São Paulo, foi um “instrumento” de dez polegadas, nada menos do que 27 centímetros. Sem dúvida, um grande consolo, inclusive para aqueles que acham que a mulherada só veste P e dispensa, de imediato, qualquer milímetro a mais.

Na verdade, o prazer nem sempre está na escala da régua. “Pode-se dizer que um pênis de sete centímetros já consegue satisfazer uma mulher”, diz o urologista Ricardo Nogueira. Sete centímetros? Sim, sete centímetros. “As terminações sensíveis da vagina se concentram em seus cinco centímetros mais externos, é ali que a mulher sente mais prazer”, explica o Dr. Ricardo. Ele diz que a mística dos bem-dotados povoa muito mais o imaginário masculino do que o feminino. “Apenas 20% dos homens que vêm ao meu consultório querem aumentar o tamanho do pênis para dar mais prazer às suas parceiras, apesar de confessarem nunca terem recebido reclamações. Ou seja, a grande maioria vem por pura vaidade, é uma questão de auto-afirmação mesmo”, diz o Dr. Ricardo.

Pesquisas nacionais mostram que a média do pênis do brasileiro é de 14 centímetros por dez de circunferência. Mas esse número varia pelo mundo. O lugar de origem do indivíduo pode ser fundamental na hora de “mostrar os documentos”. “Os negros norte-americanos, que têm origem nigeriana, ao contrário dos brasileiros, que são descendentes de senegaleses, têm o pênis avantajado em comparação com brancos de mesma altura, peso e idade. Já os orientais têm medidas menores, o que pode ser comprovado até mesmo no tamanho das camisinhas japonesas ou chinesas, cerca de 10% menores do que as utilizadas por aqui”, diz a sexóloga Rita Carvalho.

Mas não adianta se morder de curiosidade, nem tampouco se deixar levar pelas aparências. Todas as populares fórmulas e equações para medir o dito cujo, seja pelo tamanho do pé, do nariz, ou do antebraço são inválidas. “Só mesmo com a fita métrica”, diz a Dra. Rita. Ou em alguns casos, com uma trena. “Um pênis rígido pode até quadriplicar de tamanho, em relação ao seu estado flácido”, afirma ela. Além disso, em situações de cansaço, tensão ou de temperatura fria, o pênis se retrai e fica menor.

O termo avantajado, no sentido literal da palavra, nem sempre funciona como a melhor definição para aqueles conhecidos como bem-dotados. “Um pênis muito grande se esclerosa mais rápido. O sangue circula menos e em maior quantidade, o que facilita o entupimento das veias. Em função dessa grande exigência de sangue, manter a ereção também é mais difícil”, explica o Dr. Ricardo. Ele conta que há um considerável número de jovens impotentes em razão deste problema. “Tenho um paciente de 30 anos que está em tratamento desde os 28. Ele tem um pênis de 21 centímetros e não consegue ter uma ereção total”, comenta.

O estudante de medicina Bernardo Brandão também não vê grandes vantagens em estar acima da média. “É um pepino mesmo”, diz ele. “Namorava uma menina e decidimos perder a virgindade juntos. Quando fomos para os ‘finalmentes’, ela olhou e disse: ‘acho que isso não vai caber em mim’. Ainda tentamos mais um pouco, mas não conseguimos. Até hoje, foram poucas as vezes em que consegui ter uma transa legal, fazendo as coisas que me dessem vontade. Elas gostam do toque, mas no momento da penetração, é comum se assustarem”, conta. A ginecologista Paula Ribeiro explica que o problema está exatamente aí. “A vagina é um órgão bastante elástico, basta lembrar que passa uma criança inteira por ali. Não existe um tamanho limite que ela possa suportar. O que pode acontecer é a mulher se assustar e se contrair. A vagina, então, fica mais estreita e menos lubrificada, o que acaba impedindo a penetração”, conta.

Mais difícil do que se adaptar à fartura é se contentar com – apenas – o aperitivo. “Eu tinha um namorado lindo, era o mais disputado da escola. Enquanto tudo estava por debaixo dos panos, eu ficava louca, achava tudo maravilhoso. Acho que até por isso, no dia em que ficamos realmente à vontade, minha decepção foi tão grande. O bichinho era tão fininho, me sentia numa eterna preliminar, era quase como um dedo. Não conseguia me excitar direito”, diz a professora Marília Paiva. A pompoarista Regina Racco ameniza o drama da professora. Segundo ela, a solução é se adaptar ao material. “Se as mulheres aprenderem a moldar a vagina ao pênis, vão ter prazer garantido, independentemente do tamanho ou da largura. Para isso, basta praticar alguns exercícios que estimulem os músculos vaginais, de modo a aumentar a sua sensibilidade”, garante.

No final das contas, não adianta tanto frisson em torno do assunto. Homem não vem com etiquetinha de tamanho ou selo de garantia de qualidade. A melhor medida ainda é a do tamanho do prazer.